04/11/2008

Ecos de Roma...

Sínodo dos Bispos termina em Roma com apelo à difusão da Bíblia através das novas tecnologias
Público, 26.10.2008, António Marujo
Assembleia que aconselha o Papa sugere Bíblia em cada casa. Texto vai ser traduzido em mais de cinco mil línguas
A Bíblia deve ser difundida através de meios como a rádio, Internet, discos, DVD ou ipod. A sugestão consta da mensagem final do Sínodo dos Bispos católicos, que ontem terminou em Roma depois de um mês de trabalho - hoje, o Papa preside à missa que marca o encerramento solene. A mesma sugestão está incluída no documento de propostas aprovado pelos 250 participantes para ser entregue a Bento XVI.
Apesar de já haver muitos exemplos de bíblias em vários suportes tecnológicos, os dois documentos finais insistem na importância de alargar o que existe para a difusão do texto bíblico. A mensagem final diz que "a palavra sagrada" deve, em primeiro lugar, ser traduzida em todas as línguas do planeta. "Mas a voz da palavra divina deve ressoar" também através das novas tecnologias, diz o texto, escrito pelo presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, arcebispo Gianfranco Ravasi.
Segundo a Zenit, agência oficiosa do Vaticano, os bispos votaram meia centena de "proposições", nome dado aos enunciados que agora foram entregues ao Papa, para que este redija o documento conclusivo.
Já o documento de propostas, que se destina a ser entregue ao Papa e não é divulgado publicamente - embora haja excertos que acabam por ser conhecidos - propõe que a Bíblia seja também "o grande texto da cultura laica".
Em relação às novas tecnologias, o sínodo diz que as novas tecnologias adoptaram uma "gramática expressiva". Por isso se torna necessário adaptar o texto às linguagens tecnológicas contemporâneas. "Num tempo dominado pela imagem", a Igreja deve recorrer ao modelo privilegiado por Jesus Cristo, sugere o texto: símbolos, narrativas, experiência quotidiana, parábola, nunca uma "linguagem vaga", sugere a mensagem.
Aprovado com grandes elogios, o texto da mensagem (disponível na Internet, http://www.vatican.va/) diz ainda que cada família deve ter uma Bíblia em sua casa, num lugar digno.
No documento, toca-se ainda uma área sensível: a do diálogo ecuménico e inter-religioso. Património comum de católicos, anglicanos, protestantes e ortodoxos (e, em grande parte, de judeus), a Bíblia deve ser objecto de traduções comuns entre especialistas de diferentes confissões.
Durante o sínodo, o Vaticano e as Sociedades Bíblicas Unidas (SBU, editora hoje interconfessional, mas de origem protestante) assinaram um acordo que prevê a tradução da Bíblia nas 6000 línguas actualmente faladas no planeta. Há textos da Bíblia em 2454 línguas, mas traduções integrais são 438.
Diálogo inter-religioso
Numa intervenção no sínodo, o cardeal Walter Kasper referiu-se à Bíblia como "o principal instrumento do diálogo ecuménico".
A mensagem final fala ainda do diálogo com o islão e outras religiões, apesar de não terem o mesmo texto sagrado dos cristãos. "Sem cair no sincretismo", os cristãos devem dialogar com os que acolhem "o Deus único e misericordioso" (como no islão) ou os valores das tradições religiosas orientais.

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